RAFAEL
Em nossa casa, tio Rafael teve sempre um lugar muito especial. Primeiro
por sempre ouvirmos falar do carinho especial que nossa avó dispensava a ele.
Mamãe contava que sempre que vinha alguma visita em casa e alguém perguntava
quem era aquela criança, por ele ser um pouco mais escuro que os outros, ela
respondia que era filho dela, que na família havia sangue africano, já que, certa
vez, ele havia dito a ela que não gostava de ouvir os outros dizerem que ele
era filho adotivo. Desde então vovó Olímpia criou esta saída para não
desagradá-lo frente às perguntas.
Adélia, afilhada dos meus pais, conta que o pai dela, o falecido senhor
Gustão, que carreava bois por esses sertões afora, certa vez de passagem na
Fazenda das Jabuticabas, em Paineiras, antiga propriedade da família, viu com
que amor ela trazia o menino no colo, enquanto o filho mais novo, Vavá,
choramingava ao lado, pedindo colo.
Minha mãe nutria por ele um carinho especial, talvez por sido a
primeira a amamentá-lo. Os pais dele, que haviam trabalhado para os meus avós, tinham
se mudado para a região de Conselheiro Lafayete, onde a mãe veio a falecer logo
após o parto. Como sua última vontade, pediu a meus avós que criassem seu bebê.
Assim meu avô viajou para buscá-lo. Na volta, para descansar da longa viagem, pousaram
na casa de meus pais, em Dores do Indaiá. O neném chorava muito, rejeitando a
mamadeira, então, minha mãe amamentou-o. Eu ainda não havia nascido, e meus
irmãos mais velhos cresceram muito próximos a ele. Telinha, Stela, Telismar,
Lúcia e Pinha, principalmente, sempre tiveram por ele e pelos tios da idade
deles uma amizade muito fraterna. Nós, os mais novos, convivemos menos com ele,
pois foi estudar em Brasília e depois se casou em Anápolis, mas nos encontrávamos
todos nas férias na fazenda.
Mais tarde, quando tio Rafael se casou com a tia Fátima, lembro-me bem da
primeira vez que ele a levou na fazenda para conhecer a grande família. Ela
sempre tão alegre, formavam um par muito bonito, e todos diziam que ele se
casou muito bem, com uma moça que todos gostavam. Com o tempo, a relação
dos dois teve alguns problemas, mas ela foi sempre generosa com ele, permitindo
que as filhas, Rafaela, Débora e Fabiana, pudessem manter uma boa relação com o
pai.
Os últimos anos, a filha dele, Fabiana, morou na fazenda durante um tempo. Depois, tio Rafaell administrou a fazenda, Riacho do Campo, uma bênção
para a famíla, que pôde desfrutar de sua presença brincalhona, sempre bem disposto e presente em nossas vidas.
8.7.2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário