segunda-feira, 8 de julho de 2013

AO DR. DAVID SERVAN SCHREIBER




Por estarmos tão distantes, você nunca saberá exatamente
como para mim foi emocionante ler o livro que você escreveu,
nem vai saber como me ensinou e me ajudou sem me conhecer, 
nem como seu livro foi meu amigo e companheiro inseparável
(nele fiz anotações, risquei o que achei mais importante; com ele passeei, passei horas, dias),
e como é gratificante ver sua beleza, sua vida, depois de tudo o que passou.
É como se através da sua recuperação todos nós que vivemos o CA, amigos ou familiares,
também o superássemos.

Seu trabalho é de um valor imensurável,
pois sua experiência como médico adere credibilidade à pesquisa minuciosa.
E a forma escolhida está perfeita: o conteúdo de teor científico, muito bem explicado – denso, sem ser difícil – , impessoal, 
mistura-se ao conteúdo de teor pessoal, em que, apesar de ter sido discreto,
não se esquiva de dar um depoimento direto e honesto.

Tenho 47 anos e sou mais uma que teve câncer de mama!
Detectado em maio, com apenas 0.8 mm, porém já metastático, com os linfonodos comprometidos.
Em junho, fiz cirurgia da mama e esvaziamento axilar dos níveis I e II.
Em julho, comecei a quimioterapia “densa” em 8 ciclos, de 14 em 14 dias:
4 ciclos de doxorrubicina + cielofosfamida e 4 de paclitaxel; com 7 injeções de Granulokine em cada ciclo.
Nos 3 primeiros ciclos vomitei no primeiro dia e passei muito mal nos outros.
Sentia sempre uma fraqueza e um peso no corpo que me impediam de ter uma vida normal.
Não conseguia ler nem uma página de um livro, nem mesmo ler e responder e-mails.
Sentia a boca sempre salgada, por isso cortei o doce da minha rotina, desde o início
(quando li em seu livro que os tumores se alimentam de glicose, fiquei aliviada pela decisão que tomei sem saber). 
Antes do 3 ciclo, comecei a fazer acumpultura e reiki e parei de passar mal.
Imediatamente voltei a fazer ginátisca 
(sempre fiz ginástica, caminhada ou corrida, mas no último ano havia praticamente parado
após a morte repentina de meu irmão mais novo que morreu, de AVC, que me deixou muito triste,
passei a me dedicar essencialmente aos estudos e à leitura e engordei 8 quilos, ate hoje nao os perdi). Dessa vez, como me sentia debilitada, escolhi ioga e Pilates, 2x por semana cada um.

Foi no início de setembro que ganhei de minha nora o seu livro.
Ja me fora indicado por uma prima que também teve câncer de mama.
Então a minha vida mudou mesmo.
Não que o seu livro tivesse muitas novidades
– sempre fui voltada para a linha naturalista, embora não a praticasse assiduamente –,
mas ele concentrava tudo! explicado com muita clareza
e com as devidas fontes e referências bibliográficas! (como um trabalho científico, embora sem a pretensão de ser), o que não é comum em livros comerciais para o público leigo,
mas que, julgo, foi essencial para a credibilidade e o sucesso do livro.

Só terminei de lê-lo hoje, por que não queria acabar.
Era como me separar de um amigo...
Como poderia largar um amigo que estava me ajudando tanto nesse momento tão difícil?
Então, comecei a ler a II parte lentamente...
Enquanto lia, ia colocando em prática o que você ensinava:
comprei a lista de alimentos anticâncer, passei a tomar o coquetel de legumes todas as manhãs,
cortei a carne sem dizer que sou vegetariana (quase não como carne), o óleo,
introduzi a linhaça, o cogumelo.
Fiz com que o ioga tomasse um papel mais importante no meu dia a dia.
Enfim, buscando um caminho para não me reencontrar com o CA na próxima esquina!

Meus médicos – dois oncologistas e um mastologista – 
não me indicaram nada, absolutamente nada além do tratamento convencional
e você foi o meu único guia.
Por isso, gostaria agradecer-lhe profundamente, de todo coração,
de ser humano para ser humano,
pelo companheiro que você foi para mim sem o saber!
Desejo que você viva com saúde e alegria até os 120 anos!


Belo Horizonte, 04.11.2008
Brasil

Dr. David Servan Schreiber, de abençoada memória, faleceu em 24 de julho de 2011, após lutar cerca de 20 anos contra um tumor no cérebro.


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