Duas pernas me sutentam
centrada, estável, realista,
ligada à terra:
a casa de meu pai,
a casa de minha mãe,
- ainda vivas.
Em Dores, no Riacho e em mim.
Acima delas, o meu tronco,
ereto,
se sustentando,
às vezes firmemente,
outras nem tanto:
a família que meus pais construíram,
coluna vertebral que me sustenta.
Cada parte
diferente, importante,
interligadas,
permitem o movimento -
ora a um lado, ora ao outro,
ora pra baixo, outras pra cima,
mas uma coluna firme,
ainda que imperfeita:
a casa de meus pais.
A seguir, o coração,
centro pulsante da vida,
sempre ligado ao cérebro,
que a guia,
sustentam
a minha família,
que ele e eu construímos.
A pulsão da vida se equilbrando
entre um e outro,
às vezes impulsiva,
outras, pensante.
O coração,
elástico generoso,
abriga,
às vezes,
briga.
A vida a dois é um pacto
escolhido,
um pacto de confiança,
nem sempre fácil sustentar,
um vínculo consensualmente construído
que permite criar um bem maior,
que não depende só de um ou só de outro,
mas dos dois:
a família.
Bem maior que dois,
só pode existir por meio de um pacto
de confiança entre dois:
a palavra dada - a palavra recebida.
O amor pensante, escolhe,
quantas vezes for preciso,
o mesmo pacto.
Sua quebra destrói o vínculo –
de difícil reconstrução.
Do equilíbrio delicado entre as partes
deste corpo
depende a existência de muitos,
de gerações futuras, inclusive.
A vida é construída,
por escolhas,
por significados que lhe damos,
todos os dias.
Assim,
quando sinto minhas pernas estáveis,
minha coluna ereta,
me lembro das vidas que me deram vida,
sabendo que sobre elas construí a minha,
e deste equilíbrio delicado,
depende a construção de outros.
Raquel Teles Yehezkel
Israel 11.6.2022




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