sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Marc Chagall em exposição em Brasilia

Sem dúvidas, em tudo há a mão de Deus! Passei apenas dois dias em Brasília e por incrível conjunção do destino encontrei por lá Marc Chagall!!! Sim, Marc Chagall em gravuras, litografias e alguns óleos expostos no CCBB! Era um sonho meu ver Chagall, e assim Deus me conduziu ao sonho. Nem se eu planejasse seria tão perfeito...  Acompanhada pelo primo Luis Otávio Telles Assumpção, sociólogo, professor da UnB, que gosta de poesia, artes, Rosa, cinema, e pela prima de coração Celeste, amigas de longas vivências, flutuamos, os três, entre fábulas, shteitls, narrativas bíblicas, sonhos, amores, cores, lirismo, surpresas. 

Verdade, esperava ver mais quadros, mais coloridos - na maioria eram litografias - e em preto e branco. Muitas ilustrações para as fábulas de La Fontaine, que, na minha ignorância, nem sabia que ele havia ilustrado fábulas - depois, pensando bem, tem tudo a ver com ele e a vida no shteitl. A exposição não pode ser fotografada, então colhi na Internet imagens de alguns quadros que estão no catálogo da mostra.

Outra vez a mão de Deus e lá conhecemos o coordenador da exposição, Leonardo, que nos aconselhou uma visita guiada, e assim tivemos a honra de sermos guiados pelo jovem Vinícius, formado em História da Arte! Perguntei a ele se Chagall pertencia ao surrealismo e ele disse que ele passou por várias tendências sem se prender a uma apenas. Ao final, uma bela surpresa: a releitura da obra de Chagall pelo artista Daniel Wurtzel, que em uma instalação de vidro, colocou dois lenços grandes flutuantes voando em formas e cores variadas, como a obra de Chagall! 

E, para completar, um passeio pelos jardins, entre obras em aço de Almícar de Castro e labirinto colorido de Helio Oiticica.

Chagall era judeu, teve vida longa (1887 - 1985) suficiente para passar desde os preconceitos e violência dos tempos de pogroms, da Revolução de 1917 na Rússia, da II Guerra, pela doença e a perda de sua primeira esposa, musa maior de seus quadros (Bella Ronsenfeld) até por uma Paris florida, romântica e colorida, que o acolheu no pré-Guerra e onde morreu. Nasceu em uma família judaica numa pequena aldeia - shteitl - da Rússia, atual região da Belorússia, estudou em São Petersburgo, depois se estabeleceu na França. Teve dois filhos: Ida (de Bella) e David (de Virginia).

Sua obra é marcada por cenas da aldeia / shteitl natal e seu modo de vida simples, rituais de casamentos e festas judaicas, animais metamorfoseados - principalmente asnos e galos - cores, flores, desenhos superpostos em cenas variadas, com pessoas e coisas que flutuam pelo ar com leveza. Além de retratar La Fontaine, cenas do cotidiano no shteitl, cenas oníricas, cenas bíblicas - especialmente do Êxodus - retratou sobretudo o amor. Marc Chagall em "Sonhos de Amor" esteve em Brasília, no CCBB (projetado por Oscar Niemeyer), entre julho e setembro de 2022.

"Eu apenas abria a janela do meu quarto e o ar azul, o amor e as flores entravam com ela." (Marc Chagall sobre sua esposa Bella e Paris)

Raquel Teles Yehezkel 

Brasília 2.8.2022

Marc Chagall em exposição no CCBB em Brasília 

Pintura de Marc Chagall do catálogo da exposição do CCBB 

Com os primos Luís Otávio Telles Assumpção e Celeste Passos

Obra de Chagall, do catálogo da exposição no CCBB 

Instalação de Daniel Wurtzel que dialoga com a obra de Chagall

Obra de Helio Oiticica no jardim do CCBB 

Obras de Almícar de Castro no Jardim do CCBB 

Vista parcial do CCBB Brasília, projeto de Oscar Niemeyer 


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