terça-feira, 23 de agosto de 2022

Uma mesa, um piano e um altar

Há como medir o valor de uma mesa, um piano, um altar caseiro, pessoas acolhedoras, álbuns de família onde você se reconhece como parte (pequena que seja) dessa história, um sorriso largo, um otimismo que contagia e uma mão carinhosa que cuida? Maria Estela Moreira Rates, mãe da Zaninha, Tom, Sil, João e Nein, esposa do Silvério-Veveco querido. 

Moravam ali na Claudio Manoel, entre Pernambuco e Paraíba, entre os apartamentos dos Couto, dos Teles Baeta (meus primos) e dos Ruas: uma confusão de meninos, ainda na minha adolescência. Na casa ao lado do prédio, os Salles; nas transversais, os Tenuta de um lado, os Cançado, do outro, os Fonseca na Paraíba logo acima, e os agregados que ali se juntavam, vindos dos quatros cantos de BH. Nessa confusão de jovens, a casa dela foi sempre um porto pra a Sapaiada, nossa turma que se juntava na Rua Cláudio Manoel, no murinho em frente ao prédio deles. 

Mãe de amigos, se tornou mãe-amiga de todos, tantos foram os momentos preciosos que partilhamos na casa dela... ♥️ 

Raquel Teles Yehezkel 

11.8.2022

De férias no Brasil, fui visitar dona Maristela... Fui levando comigo minha sobrinha Marina, pra aprender um pouco de vida... Ela é aluna, na Medicina, do Sil - imagina, mundo pequeno...

Combinei com Maristela que no ano que vem, "bli neder", vou acompanhá-la na festa dos congadeiros de Paraopeba... 

Que Deus me permita.













terça-feira, 16 de agosto de 2022

לאמא היקרה

חמתי היתה מיוחדת, ייחודית.

חמתי היתה אצילית, חכמה, דעתנית, רחמנית.


היו לה מילים מתאימות לומר לכל אחד בכל סיטואציה באשר היא.

אהבה מוזיקה וסרטים.

אהבה את המדינה ובפוליטיקה העריצה במיוחד את מנחם בגין ובנימין נתניהו.

בעיקר אהבה את היהדות ואת היהודים כעם, מכל העדות, עם כל השוני שביניהם.

ומעל הכל אהבה את משפחתה.


למדתי ממנה הרבה.

לערוך שולחן בנוסח עיריקי,

לא להתייאש ולהמשיך הלאה,

לתת מתנות בעלות ערך,

לתת ולא לקבל,

מוסר עבודה, מהמטלות הקטנות והפשוטות עד לגדולות והמורכבות ביותר,

לעשות מה שטוב לנפש מבלי להזניח 

את ההתחייבויות היומיומיות.

 

היתה לה אמונה עמוקה ביהדות שנובעת מבפנים 

בטבעיות, מבלי להתאמץ.

היתה לה איכפתיות אמיתית לזולת.

הייתה אישה שומרת מסורת, ויחד עם זאת אישה מודרנית. 

הייתה תמיד מטופחת ויפה. גם היא וגם ביתה - באותה המידה.

דרשה הרבה מעצמה לכן דרשה גם מהשני.

בעיקר היתה טובת לב וצדיקדה בטבעותה, 

מודל ראוי לחיקוי לכולנו ולדורותנו הבאים שגאים להיות צאצאיה ומשפחתה.


זה קל לדבר על אהבה לאמא, לסבתא, לדודה, לבת דודה לחברה טובה, נדיר יותר לדבר על אהבה אמיתית לחמות. אבל אני יכולה בקלות להעיד על כך.

הייתה לי חמות חמה, שהעניקה אהבה לכל משפחתה, הקרובה והרחבה, אחד אחד.

אהבה לבשל ולערוך שולחון מזרחי עם הרבה שפע. מי שאכל מתוצרת ידיה לא ישכח את החוויה הזאת לעולם, היתה דואגת לבשל לכל אחד לפי טעמו,

אישה מלאת חיים ונתינה.

ובחרתי לקרוא לה אמא כי כך קיבלה אותי במשפחתה - כבת.


היתה לי זכות להיות קרובה לאישה הטובה, האצילית, החכמה מאוד והרחמנית במיוחד.

ובמקום לקרא לה חמותי, היתה לי הזכות לקרוא לה אמא.


נדרה יחזקאל בת רגינה ויוסף ששון,

"רבות בנות עשו חיל ואת עלית על כולנה"  

יהיה זכרה ברוך לעולם ועד

רחל יחזקאל

15.8.2022

שנה מעת פתירתה


Nadra Yehezkel 
bat Regina and Yossef Sasson
נדרה יחזקאל בת רג'ינה ויוסף ששון ז"ל
נלב"ע י"ט אלול תשפ"א


Parte interna da cobertura, pronta para receber o rolo do Sefer Torá

Cobertura do rolo da Torá em nome da minha sogra: Nadra bat Regina

Finalização do Sefer Torá em nome da minha sogra, Nadra Yehezkel 

Desfile do novo Sefer Torá doado por Meir Yehezkel à sinagoga Eli Cohen em Petah Tikva

Shlomo, Avner e David (sobrinhos)

Família Yehezkel: Aviad (neto), Meir (esposo), Ofer (filho), Nissim (filho) e Eliyahu / Elias (neto)
Sinagoga Eli Cohen, Petah Tikva








sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Marc Chagall em exposição em Brasilia

Sem dúvidas, em tudo há a mão de Deus! Passei apenas dois dias em Brasília e por incrível conjunção do destino encontrei por lá Marc Chagall!!! Sim, Marc Chagall em gravuras, litografias e alguns óleos expostos no CCBB! Era um sonho meu ver Chagall, e assim Deus me conduziu ao sonho. Nem se eu planejasse seria tão perfeito...  Acompanhada pelo primo Luis Otávio Telles Assumpção, sociólogo, professor da UnB, que gosta de poesia, artes, Rosa, cinema, e pela prima de coração Celeste, amigas de longas vivências, flutuamos, os três, entre fábulas, shteitls, narrativas bíblicas, sonhos, amores, cores, lirismo, surpresas. 

Verdade, esperava ver mais quadros, mais coloridos - na maioria eram litografias - e em preto e branco. Muitas ilustrações para as fábulas de La Fontaine, que, na minha ignorância, nem sabia que ele havia ilustrado fábulas - depois, pensando bem, tem tudo a ver com ele e a vida no shteitl. A exposição não pode ser fotografada, então colhi na Internet imagens de alguns quadros que estão no catálogo da mostra.

Outra vez a mão de Deus e lá conhecemos o coordenador da exposição, Leonardo, que nos aconselhou uma visita guiada, e assim tivemos a honra de sermos guiados pelo jovem Vinícius, formado em História da Arte! Perguntei a ele se Chagall pertencia ao surrealismo e ele disse que ele passou por várias tendências sem se prender a uma apenas. Ao final, uma bela surpresa: a releitura da obra de Chagall pelo artista Daniel Wurtzel, que em uma instalação de vidro, colocou dois lenços grandes flutuantes voando em formas e cores variadas, como a obra de Chagall! 

E, para completar, um passeio pelos jardins, entre obras em aço de Almícar de Castro e labirinto colorido de Helio Oiticica.

Chagall era judeu, teve vida longa (1887 - 1985) suficiente para passar desde os preconceitos e violência dos tempos de pogroms, da Revolução de 1917 na Rússia, da II Guerra, pela doença e a perda de sua primeira esposa, musa maior de seus quadros (Bella Ronsenfeld) até por uma Paris florida, romântica e colorida, que o acolheu no pré-Guerra e onde morreu. Nasceu em uma família judaica numa pequena aldeia - shteitl - da Rússia, atual região da Belorússia, estudou em São Petersburgo, depois se estabeleceu na França. Teve dois filhos: Ida (de Bella) e David (de Virginia).

Sua obra é marcada por cenas da aldeia / shteitl natal e seu modo de vida simples, rituais de casamentos e festas judaicas, animais metamorfoseados - principalmente asnos e galos - cores, flores, desenhos superpostos em cenas variadas, com pessoas e coisas que flutuam pelo ar com leveza. Além de retratar La Fontaine, cenas do cotidiano no shteitl, cenas oníricas, cenas bíblicas - especialmente do Êxodus - retratou sobretudo o amor. Marc Chagall em "Sonhos de Amor" esteve em Brasília, no CCBB (projetado por Oscar Niemeyer), entre julho e setembro de 2022.

"Eu apenas abria a janela do meu quarto e o ar azul, o amor e as flores entravam com ela." (Marc Chagall sobre sua esposa Bella e Paris)

Raquel Teles Yehezkel 

Brasília 2.8.2022

Marc Chagall em exposição no CCBB em Brasília 

Pintura de Marc Chagall do catálogo da exposição do CCBB 

Com os primos Luís Otávio Telles Assumpção e Celeste Passos

Obra de Chagall, do catálogo da exposição no CCBB 

Instalação de Daniel Wurtzel que dialoga com a obra de Chagall

Obra de Helio Oiticica no jardim do CCBB 

Obras de Almícar de Castro no Jardim do CCBB 

Vista parcial do CCBB Brasília, projeto de Oscar Niemeyer 


Introdução de (novo) livro da Torah na sinagoga Eli Cohen de Petah Tikva

 "Alegrem-se e regozijem-se com a "Introdução de (novo) Livro da Torah / Hahnassat Sefer Torah" na sinagoga Eli Cohen de Petah Tikva: pela elevação da alma de Nadra bat/ filha de Regina e Yossef" - está escrito no convite - em tradução livre.

No dia 15 de agosto de 2022, completa-se, pelo calendário judaico, um ano da passagem da minha sogra, Nadra Yehezkel, z"l (abençoada seja a sua memória), data que marca o fim do luto de seus filhos. 

Para esta ocasião, meu sogro, Meir Yehezkel, que tenha vida longa, vai doar à sinagoga que frequentam, em nome da esposa, para a elevação de sua alma, um novo rolo da Torah (Biblia) - pela saúde dele, de seus filhos e seus descendentes. 

Um rolo grande da Torah, sempre escrito à mão e coberto por uma armação decorada, é algo muito caro, em torno de pelo menos 45.000 dólares. A "Introdução" de um novo rolo da Torah na Sinagoga não é algo corriqueiro e gera uma grande festa e muita alegria para a comunidade que a recebe. Ela deve ficar completamente pronta no dia do evento a que é dedicada, sendo a(s) última(s) palavra(s) escrita(s), de forma comemorativa, na presença dos convidados. Então, o rolo é introduzido numa capa ou em uma armação metálica já pronta. Acima dela há uma coroa simbolizando que a Torah é nosso Rei. Por dentro da coroa, de um lado, está escrito: "Pela elevação da alma de Nadra, filha de Regina e Yossef"; do outro lado: "Pela vida de Meir Yehezkel (esposo), de Rachel, Nissim, Ofer, Naomi (filhos) e todos os seus descendentes". 

Neste folheto está o convite aberto à comunidade para festa de "Introdução de (novo) Livro da Torah" na Arca Sagrada da sinagoga Eli Cohen de Petah Tikva, frequentada pela família, e também para o serviço religioso e o seudat mitsvá.

O convite enumera os convidados de honra: 

- O rabino-chefe de Petah Tikva, Yonathan Edward;

- o rabino da sinagoga Eli Cohen, Yakov Salhov; 

- o rabino Eliyahu Yehezkel, neto da falecida (meu filho Elias);

- o prefeito da cidade, Rami Grinberg;

- o vice-prefeito Eliyahu Ginat;

- o chefe municipal para assuntos religiosos, Reuven Yossofov.

Para a passagem do cortejo, a prefeitura fecha o trajeto que liga o local de onde deve sair a Torah - casa dos meus sogros - até a sinagoga, a três quarteirões dali. 

Como uma noiva, a Torah é conduzida à sinagoga debaixo de uma hupah (um dossel ou pálio nupcial), carregados, a Torah e o pálio, honrosamente e com muita alegria, pelos convidados, familiares e amigos homens acima de 13 anos. 

À frente do cortejo vai um carro com pisca-pisca de luzes coloridas, tocando músicas litúrgicas, enquanto convidados e transeuntes caminham atrás comemorando com cânticos e muita alegria a chegada de um novo Livro da Torah à sinagoga. É uma grande festa. Algo parecido com o regozijo de um pequeno trio elétrico dedicado às palavras de Deus - a Torah. 

Após o serviço religioso da noite, é servido pela família, no salão da sinagoga, um "seudá mistvá"/ um "banquete" a todos os presentes, marcando o fim do luto, conforme prescrito. 

Nadra Yehezkel, filha de Regina e Yossef Sasson, filha, esposa, mãe, avó, bisavó, tia, minha sogra amada e dedicada à família, seja abençoada a sua memória hoje e sempre, a guardaremos eternamente com muito amor e gratidão por tudo que fez por cada um de nós.

Raquel Teles Yehezkel 

Belo Horizonte 5.8.2022

Meu sogro, Meir Yehezkel 

Convite para a "Entrada de novo Livro da Torah" pela elevação da alma de Nadra Yehezkel filha de Regina e Yossef Sasson, na sinagoga Eli Cohen, em Petah Tikva, Israel.

Imagem do interior armação na qual será introduzida o no Livro da Torah