terça-feira, 23 de novembro de 2021

Nem tudo que reluz é ouro: a vida nas midias sociais

Comecei meu dia rindo muito. Tudo que a gente vê no outro é relativo... Um amigo de adolescência, após me ver em rede social em sarau com Tonhinho Horta (essa é pra mineiro morrer de inveja rsrsrs) e em uma Roda alto astral de Música de Capoeira no CCB Tel Aviv, me enviou a seguinte mensagem: "Rache, a impressão que tenho é que vc foi abençoada pelos deuses rs Nasceu linda e rica, morou em lugares maravilhosos e diferentes entre si, casou bem, tem filhos maravilhosos e um trabalho muito legal. Além disso mora num lugar exótico, pelo menos em relação ao nosso país. Sei lá. As vezes sinto inveja de vc. Minha vida parece um drama sem fim 🤣". 

Sim, é verdade, sou mesmo abençoada por Deus. Todos os dias, sem exceção, quando coloco a cabeça no travesseiro, agradeço a Deus pelo meu dia, por minha cama e minha casa aconchegantes. Não nasci rica, não há família normativa rica quando se tem 15 filhos para criar e promover na vida, mas, como meu amigo, também não nasci em um lar pobre. Não tenho a riqueza que alguns familiares e amigos conquistaram, mas tenho um trabalho que amo, e realmente é um privilégio poder trabalhar com a difusão da minha língua e da cultura do meu país natal no exterior. 

Sim, Israel é exótico e é também um milagre, mesmo para nós que vivemos aqui dia após dia. Outro privilégio em minha vida foi ter recebido o presente de Deus ao me reunir e participar desta geração que constrói este país. Sou grata e tenho muito orgulho de ser israelense. 

Quanto à vida, verdade, vivi muitos dos sonhos que sonhei, morei onde sempre quis morar. Talvez o maior dos sonhos vividos tenha sido um amor verdadeiro, combativo e recíproco, e ter criado três filhos saudáveis, homens bons e inteligentes. E por isso sou grata até os fins dos meus dias. Mas quando se realiza sonhos, também se é cobrado altos preços no caminho. E, para mim, o maior deles é estar longe da natureza natal e da minha família, ter perdido minha mãe na distância e não ter participado do nascimento do meu neto em tempo de pandemia, não acompanhar de perto os casamentos dos sobrinhos nem a saúde dos irmãos. Meu lindo marido de gênio combativo dos sabras, com tudo o que isso implica de bom ou ruim, é um lobo solitário agarrado à família e à rotina, ao estilo Arik Einstein "ohev lihiot ba bait", enquanto eu gosto de sair, de me relacionar, de quebradeira rsrsrs Há que se buscar sempre o equilíbrio... Tanto ele como eu somos muito agarrados às nossas famílias e criamos três filhos muito independentes, bem desgarrados da gente rsrsrs, cada um vivendo vidas bem diferentes... O mais velho é rabino ortodoxo, estuda em Colel para ser juiz rabínico (rav dayan), imagina... O mais novo, uma diferença de dez anos entre um e outro, é artista, escreve, mora em Tel Aviv, trabalha com produção de eventos e iluminação, imagina... E o do meio, mora em João Pessoa, é sócio e administra parte de uma rede de livrarias no nordeste do Brasil, imagina... 

Então a vida é assim, como meu amigo bem sabe, e por isso se expressa em risos - um monte de coisas boas e outro monte de dificuldades... Nem tudo que reluz é ouro.

Sim, meu amigo tem razão, Israel é mesmo um lugar exótico rsrsrs 

Ainda agorinha, chegando ao trabalho bem no centro de Tel Aviv - kikar Rabin...

Tel Aviv 23.11.2021



8 comentários:

  1. Rachinha, eu que te acompanhei desde o Ap no centro de BH, nas viagens por Minas e nossas fugas para praias e sertão, em tantas aventuras que mais pareciam uma graduação na vida e também na sua ida para Israel digo: sua sorte tem preço sim!!! Love😘!

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  2. Que história linda de luta, resignação, persistência a sua.

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  3. Adorei o texto Raquel, vc é ótima e tem uma linda história

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