Nos tempos que antecederam a Grande Guerra,
Em agosto, justamente dia quatorze,
Ocasião da Festa do Rosário: linda era!"
14 de agosto, aniversário do meu pai, dia de Nossa Senhora do Rosário em nossa terra natal. Meu pai era um homem carismático, cheio de personalidade, impossível não notá-lo, original, impulsivo, divertido, generoso, prezava a honestidade acima de tudo; e a liberdade também. Quando chegava em casa da fazenda, era a alegria da meninada. Coração-menino, por onde passava, semeava amor e muita alegria.
Gostava de poesias, escrevia, recitava e nos ensinava a declamar de cor. À frente de seu tempo, estudou o segundo grau no Colégio Arnaldo em Belo Horizonte e Zootecnia e Agronomia na Universidade de Viçosa. Passava longos períodos isolado nas fazendas, e aprendeu a cozinhar a comida simples da roça como ninguém. Amava Deus e a natureza, era cheio de vida e de energia, ciumento e mandão. Tinha que ser do jeito dele. E todos nós, em todas as idades, o obedecíamos. Amoroso e brincalhão, rolava com a gente pelo chão. Diferente dos padrões da época, não batia nos filhos e se zangava quando mamãe o fazia. Dizia que filho jamais se esquece do peso da mão de um pai. Mas o fez algumas raras vezes, quando presenciava uma briga entre irmãos. E nós, acostumados a seu jeito menino, arregalavámos olhos e ouvidos para gravar nos corações a célebre frase quase incompreensível à época: "irmão não briga!"; pois nada nos parecia mais natural que irmão se pegar com irmão - rsrsrs.
Minha irmã Olímpia escreveu sobre ele: "Nas Dores do Indaiá, das noites frias, no aconchego do fogão, pés imersos em água quente, contava histórias pra gente: pegava onça pelo rabo e assustava assombração.
E aqueles campeonatos... Numa corda, de um lado a filharada e, de lambuja, a mãe; do outro lado ele, com um braço só, nos derrubava ao chão.
E para seus filhos deixava em cada caso uma lição: "quem não zela não tem", "o mundo é dos ativos", "o homem trabalha é com a cabeça", "irmão não briga". Todo filho tem gravado e não esquece disso, não!
Mas por onde ele passou e por onde ele viveu, a sua marca ficou: "compre fiado e pague antes do vencimento" (num tempo em que tudo se anotava em cadernetas), "o nome é o seu maior bem!".
Papai viveu quase 99 anos, e, sempre brincalhão, faleceu em 1 de abril de 2010. Emídio Telles de Carvalho.
Texto de Raquel Teles Yehezkel






Obrigada por compartilhar tão doces lembranças, tia Raquel. Pensei muito no meu avô ontem...dia muito especial, o 14 de agosto.
ResponderExcluirOs ensinamentos dele ultrapassaram gerações. Repito essas mesmas frases para o meu filho!
Grande beijo.
belas histórias
ResponderExcluirParabéns Raquel, por ter memorizado a imagem de seu Pai, com sabias palavras e por que não dizer, com todo respeito e consideração “Nosso Pai”, o pouco tempo, que tive o prazer de estar e conversar com ele, também aprendi, entre tantas, uma grande lição: ¨O Amor e a União Familiar¨, esta foi a base da criação dos meus filhos e a cultivação dos amigos. É com saudosa lembrança que eternizo no meu coração e transmito todos os dias está grande lição de vida e coragem a todas as famílias, como mensageiro da Palavra de Deus.
ResponderExcluirUm abraço.
Shalom Adonai
Ev. Osvaldo.
Agradeço suas lembranças e palavras tão gentis.
ExcluirMuito legal! Seu pai era isso mesmo.Muito a frente de sua época, disseminou com naturalidade o relacionamento elegante rústico e sem qualquer discriminação.
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