terça-feira, 22 de novembro de 2022

Tremendão

Genial,

Descolado,

Vanguardista,

Amigo de fé,

Irmão,

Camarada.

É ele,

Erasmo Carlos,

Tremendão

Da nossa eterna

Jovem Guarda...

Sim, é preciso

Saber viver... 

❤️

"Existem várias formas de amor, 

e eu preciso de todas",

escreveu Erasmo 

em sua última postagem.

***

Raquel Teles Yehezkel

22.11.2022



terça-feira, 15 de novembro de 2022

A música de Bituca me leva sempre de volta pra casa

Milton Nascimento se despediu dos palcos em  "A Última Sessão de Música", em 13.11.2022 em Belo Horizonte, cidade em que Bituca começou sua carreira e onde se encontra o Clube da Esquina, que propagou suas músicas. Foi acompanhado no palco pelos amigos e 60 mil pessoas que cantaram com ele seus hits... Uma despedida em grande estilo e cheia de emoção.

Quando fiz 18 anos em janeiro de 1979, Maria Maria, nome de minha mãe, acabava de ser lançada por Milton Nascimento e o Clube da Esquina, enquanto eu terminava o colegial e me preparava para nova fase da vida. 

Naquele verão, ao invés de ir com a família pra fazenda em minha cidade natal, planejava viajar com uma turma de amigos para Búzios (RJ) e Meaípe (ES) - minha primeira viagem solo, mas que minha mãe não permitiria passeio assim sem os pais. Nunca havia dado trabalho em casa, era aluna aplicada, cheia de amigos e de vida, muito participativa na vida familiar e escolar, e bastante argumentativa para defender minhas ideias e assumir as consequências, mas naquele momento sabia que dizer a verdade me impediria de viajar. Assim, disse que viajaria para Guarapari com a família da Edelma, minha amiga e colega do colégio desde os 12 anos - vivíamos uma na casa da outra, ela, Dri (Adriana Tenuta) e eu. Como eu não costumava mentir e não tinha medo de enfrentar embates em casa, nem passou pela cabeça da minha mãe e irmãos, que eram muitos, tal possibilidade... 

E lá fomos pra Búzios, uns 20 jovens. Fui com Edelma, Zé Renato e Markim Preto no carro do Guixa; havia também os carros do Belleza, do Gordéu, do Renê e do Ronaldinho Tremendão, todos cheios. Ficamos na praia do Forninho, casa dos tios do Paulinho Belleza, única casa da praia, em cima de um morro à beira mar. A casa estava meio abandonada, sem eletricidade, o que tornou a experiência mais intensa e bonita. Havia a turma da manhã na praia e a das noitadas - metade da turma composta por músicos que bebiam do Clube da Esquina e dos bárbaros baianos - e eu, pra não perder absolutamente nada, fazia parte das duas. 

De lá seguimos todos pra Meaípe, onde uma parte da turma ficou acampada e outra, tinha casa lá, como o Pompo e Pigão, Ronaldinho, Marcinha, que serviam como suporte. Eu estava nas barracas... Imagina... um pão com queijo e uma média de café com leite pela manhã e um pf (prato-feito) de almoço-jantar. Dias de praia, violão e cantorias.

Pronto, estava batizada pra vida, e daí pra frente ninguém mais me seguraria rsrsrs Da telefônica central de Guarapari, com filas enormes, ligamos pras nossas respectivas famílias pra informar que tudo corria bem. Longe há tantos dias, sentia saudades de casa, arrependimento por haver mentido e uma imensa vontade de partilhar com eles a minha alegria, as minhas novas experiências e os novos amigos, que rapidamente se tornariam muito próximos, nos anos mais intensos e livres da minha vida - faculdade, turma e trabalho (aos 18 comecei a trabalhar na Leitura, com um intervalo de dois anos em que trabalhei na Alquimia, restaurante natural, point alternativo e cultural desse período). Sempre embalada pela música e discussões filosóficas, a Sapaiada, nome da nossa turma, se reunia diariamente, nas primeiras horas da noite, no murinho da rua Cláudio Manoel, entre Paraíba e Pernambuco, Rua em que muitos moravam - Rates, Couto, Salles, Tenuta, Cançado, meus primos Teles Baeta - incluindo os Ruas, parte do grupo Raízes.

Dessa primeira viagem, voltei feliz para casa, trazia na mala muita roupa suja e um cartão pra minha mãe, contendo a verdade sobre a viagem e a letra de Maria Maria, que cantei tantas vezes pra ela. É óbvio que sofri as consequências e que novas batalhas e conquistas vieram a seguir rsrsrs Vivi nesses anos um período intenso e fértil, com muita criatividade, música, shows, cinema, cultura, estudos, leituras, discussões filosóficas e experimentos. E sobrevivi rsrsrs 

É assim... A música de Bituca me leva sempre de volta pra casa...

Raquel Teles Yehezkel 

Israel, 14.11.2013.


Última Sessão de Música de Milton Nascimento, no Mineirão em 13.11.2022
Foto de Paulo Henrique Soares


Última Sessão de Música de Milton Nascimento, no Mineirão em 13.11.2022. 
Foto de Ana Maria Borges











sábado, 12 de novembro de 2022

Petah Tikva, Mercaz haAretz

Não é óbvio eu falar bem de Petah Tikva, pois meu senso crítico costuma apontar suas dificuldades e problemas. Tive no passado um apartamento em Ramat Hasharon, onde criei meus três filhos e ainda temos bons amigos, para onde nos mudamos em 2010 ao retornar do Brasil como toshavim hozerim, para meu filho caçula estudar ali. Mas neste retorno, com os custos de vida que aumentaram tanto no país, na hora de comprar apartamento optamos por nos mudar para Petah Tikva em janeiro de 2016 e ficar mais próximos de meus sogros, que envelheciam. O que no final se mostrou uma decisão acertada em termos de investimento e família, afinal meu marido havia ficado dezessete anos ao lado da minha família no Brasil e então era a minha vez de proporcionar a ele a oportunidade de ficar próximo a dele. Deus traçando caminhos... 

Petah Tikva mistura o velho e o novo, a tradição e o moderno, com um dos maiores parques tecnológicos do país, com grandes empresas multinacionais ali locadas. Uma cidade democrática em que cabem os ashekenazitas halutzim / pioneiros que fundaram a cidade nos brejos, os sefaraditas como seus sogros, haridim e hilonim, refugiados negros e trabalhadores orientais da atualidade. Que cabem os bairros chiques de Neve Oz e Kfar Ganim, os modernos de Em Hamoshavot com sua população de familias jovens - força motriz deste país, e aqueles em volta do shuk / mercado ou nas periferias que, em pleno vigor e valorização da região central (mercaz de haaretz) se transformam em bairros alternativos, com qualidade de vida. 

É uma das poucas cidades que possui um shuk forte, cheio de vida e de ofertas ao seu redor, o que faz com que seus moradores sejam exigentes com preços e seus shoppings, com as melhores lojas do país, ofereçam melhores preços, como o Kanyon Hagadol, o complexo Yachin Center & BSR, um dos mais bonitos a céu aberto, com ótimos restaurantes italianos, japoneses, israelis, cervejarias. 

Para as crianças, o sistema de ensino nacionalmente reconhecido, o qual formou as primeiras gerações do país, conta com escolas tradicionais como a de segundo grau Amal e a Hess de primeiro grau, a dati-mamelahti Nezah Israel contrapondo às modernas de Em Hamoshavot: Ehud Manor, Arik Einstein, Uzi Hitman. 

Para as crianças, tem um mini- zoológico, um estádio de futebol, country clube, uma excelente biblioteca pública, um ativo Yad Labanim e Museu de Artes e muitos parques novos. 

Para quem quer ter uma vida ligada aos costumes religiosos, há bairros inteiros com uma grande população religiosa, sinagogas para todos os gostos e a infraestrutura necessária a este modo de vida. Por incrível que pareça, em toda a região central da cidade, a entrada do Shabat ainda é anunciada por meio de tzefrá (sirene) pública, algo que eu adoro, pois logo se faz sentir a mudança no clima de sossego que passa a reinar por ali. O que não impede que os jovens saiam da cidade rumo a Tel Aviv por meio do serviço de monit sherut 24h que saem da praça da Prefeitura, via Jabotinsk, até Tel Aviv. 

Na periferia da região metropolitana, a algumas centenas de passos de Tel Aviv, a cidade está diretamente ligada às principais rodovias do país, 4, 5, 6, 471, 40, possui estação de trem ligada a Tel Aviv e à Universidade, trem de superfície para Tel Aviv - Bat Yam, via Bnei Brak, a ser inaugurado em breve, e diversas linhas de ônibus em todos os sentidos, inclusive para Jerusalém, que fica bem próxima. O aeroporto Ben Gurion se encontra a 20 minutos do centro da cidade.

O campus Medical Center Rabin engloba hospitais de renome como o Beilinson, o oncológico Davidoff, o infantil Shnider, o ortopédico Hasharon e outros. 

Tem também beit-avot ironi e centros de atividades para gil hazahav. 

E o que não é pouco, todo cidadão local tem direito a kvurá gratuita. 

Mas por ser uma cidade grande e de população diversificada é bom ter um corretor na hora de alugar ou de comprar um imóvel, ou um amigo morador que auxilie na escolha. 

Ah e o que eu realmente curto é a pista de caminhar e de bike, que liga a cidade até o Parque HaYarkon em Ramat Gan.

Raquel Teles Yehezkel 

Petah Tikva 12.11.2022

Cyber Park Petah Tikva


Intel Petah Tikva

Rabin Medical Center Petah Tikva- vista parcial

Parque Kanion Hagadol e Em Hamoshavot

Mini-zoo Petah Tikva


quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Seu nome é Gal

Vai-se a Diva,

vai-se um símbolo,

vai-se um tempo,

vai-se um grande pedaço da MPB,

vai-se parte de uma geração brilhante,

vai-se algo muito bom,

vai-se parte de um amor,

de sonhos,

de vivências embaladas por esta musa inspiradora de muitos...

Perda maior em tempos de tecno, de fakes, e batidas pesadas,

vai-se o suave,

o afinado,

a perfeição do som,

da voz.

Triste que seja assim...

Doce Gal,

Doce Bárbaros,

Doce voz,

Doce pessoa,

Doce tempo.

Vai-se indo... 

Se esvaindo...

Triste que seja assim...

😢😢😢

Raquel Teles Yehezkel 

Israel 9.11.2022


Foto de Debi Barzellai : Gal Costa em Israel, 1996

Foto de Debi Barzellai : Gal Costa no Muro das Lamentaçõe, Israel, 1996