"Tajabone", do senegalês Ismael Lo, atinge minha alma de forma devastadora. Não conhecia o significado de sua letra, mas para mim tratava-se de dor, de amor, de solidariedade. Um pouco tristeza, um pouco esperança.
Ouvi-a pela primeira vez no filme do Almodovar, "Tudo sobre minha mãe", em 1999 - foi como receber uma bordoada, tomou conta de meu corpo e sentimentos. De outra vez, chegou a mim pelo rádio como uma bênção, a caminho de um Shabat em Jerusalém, na casa de minha amiga Lucia Barnea. E me voltou, desta vez, depois de muito tempo, através do meu marido, que ouviu-a na Galgalatz e, num gesto de carinho, tirou-a para mim na gaita.
Curiosa, busquei, de novo, o significado das palavras misteriosas, e dessa vez encontrei a tradução em espanhol.
Tajabone
é um anjo que vem dos céus
à sua alma,
e ele te perguntará se já rezou
e ele te perguntará se já jejuou...
Me emociono e estremeço sempre que a ouço. Compartilho esse sentimento, esse estado de espírito, nessa véspera de um Shabat bem diferente, de isolamento social e reflexão para todo o mundo em época de corona.
Que tenhamos todos saúde e um Shabat Shalom - de paz.
Israel, 20.3.2020
Nissim e Raquel (cover):
https://youtu.be/IfV3owVNPUU
Ismael Lo (original):
https://youtu.be/ykW-ExaYklc
sábado, 30 de maio de 2020
quarta-feira, 27 de maio de 2020
Igal Bashan - Um passarinho no coração
Às vezes você chora, às vezes você ri
Derrama uma lágrima, porque é hora de partir.
Todo amor tem um fim para o começo;
E, sem dizer uma palavra,
nos despedimos sem nos ver...
פעם את בוכה, ופעם את צוחקת
מזילה דמעה, כי זה הזמן ללכת
לכל האהבות יש סוף להתחלה
נפרדים רק במבט, בלי לומר מילה
עוד סיפור אחד של אהבה
לפני שסוגרים את האורות
Todo amor tem um fim para o começo;
E, sem dizer uma palavra,
nos despedimos sem nos ver...
פעם את בוכה, ופעם את צוחקת
מזילה דמעה, כי זה הזמן ללכת
לכל האהבות יש סוף להתחלה
נפרדים רק במבט, בלי לומר מילה
עוד סיפור אחד של אהבה
לפני שסוגרים את האורות
Yahala, Igal, vamos...
mais uma história de amor,
mais uma história de amor,
antes que as luzes se apaguem!
Pois antes que se apagasse a última luz de Hanuca,
você nos deixou, assim de repente.
você nos deixou, assim de repente.
אם תזכרי אותי סיון
האם תקדישי לי קצת זמן
עכשיו כשאת הרחק מכאן
השארת תמונה עם חיוך במסגרת
האם נשארתי גם אצלך
Sim, Igal, nos lembraremos de você - Sivan e eu.
Agora que você está longe daqui...
Nos resta seu sorriso emoldurado numa foto.
Nos lembraremos, sim, de você,
Pois seu talento deixou marcas permanentes.
האם תקדישי לי קצת זמן
עכשיו כשאת הרחק מכאן
השארת תמונה עם חיוך במסגרת
האם נשארתי גם אצלך
Sim, Igal, nos lembraremos de você - Sivan e eu.
Agora que você está longe daqui...
Nos resta seu sorriso emoldurado numa foto.
Nos lembraremos, sim, de você,
Pois seu talento deixou marcas permanentes.
Pois muito bem você cantou:
כמו צועני מסתובב לי בעולם
והעולם כולו ביתי
כמו צועני מסתובב לי בעולם
והשירים בנשמתי
לה, לה, לה…
Como ciganos rodamos pelo mundo,
E o mundo todo é a nossa casa.
Como ciganos rodaremos pelo mundo,
levando suas canções inscritas em nossas almas.
כמו צועני מסתובב לי בעולם
והעולם כולו ביתי
כמו צועני מסתובב לי בעולם
והשירים בנשמתי
לה, לה, לה…
Como ciganos rodamos pelo mundo,
E o mundo todo é a nossa casa.
Como ciganos rodaremos pelo mundo,
levando suas canções inscritas em nossas almas.
Cantou o amor pelos pequenos deuses das coisas:
יש לי ציפור קטנה בלב
והיא עושה בי מנגינות
של סתיו ושל אביב חולף
של אלף אהבות קטנות
Tenho um pequeno pássaro no coração,
E ele toca em mim uma canção
De outono e primavera que passam,
De mil amores pequeninos.
יש לי ציפור קטנה בלב
והיא עושה בי מנגינות
של סתיו ושל אביב חולף
של אלף אהבות קטנות
Tenho um pequeno pássaro no coração,
E ele toca em mim uma canção
De outono e primavera que passam,
De mil amores pequeninos.
E também a esperança em Deus maior que todos:
וכמו שכתוב כאן יהיה פעם טוב
מתי הוא יגיע? יש אומרים אולי עוד מחר
מתי הוא ישמיע את קולו ואז יאמר טוב
אז הרקיע שוב יאיר ופרח יפרח
שנרגיש כי טוב כל כך
Como está escrito, aqui um dia será bom
Mas, quando? Alguns dizem que talvez amanhã.
Quando ouviremos Sua voz a dizer: “Seja bom!”
E então o firmamento novamente se fará luz e a flor florescerá
E sentiremos que tudo é tão bom...
וכמו שכתוב כאן יהיה פעם טוב
מתי הוא יגיע? יש אומרים אולי עוד מחר
מתי הוא ישמיע את קולו ואז יאמר טוב
אז הרקיע שוב יאיר ופרח יפרח
שנרגיש כי טוב כל כך
Como está escrito, aqui um dia será bom
Mas, quando? Alguns dizem que talvez amanhã.
Quando ouviremos Sua voz a dizer: “Seja bom!”
E então o firmamento novamente se fará luz e a flor florescerá
E sentiremos que tudo é tão bom...
Mas quero me lembrar de você
também através das crianças que te amaram,
da geração dos meus filhos,
que cantou e dançou o Opa Hei com você:
הופה הופה הופה הופה היי
שיר איתנו את ההופה הופה היי
כשאתה עצוב כל כך
צא לדרך אל תשכח
שיר איתנו את ההופה הופה היי
Opa, opa, opa, opa, hei
Cante com a gente o opa, opa, opa hei.
Quando você estiver muito triste,
Saia pelo caminho e não se esqueça,
De cantar comigo o seu opa, hei!
também através das crianças que te amaram,
da geração dos meus filhos,
que cantou e dançou o Opa Hei com você:
הופה הופה הופה הופה היי
שיר איתנו את ההופה הופה היי
כשאתה עצוב כל כך
צא לדרך אל תשכח
שיר איתנו את ההופה הופה היי
Opa, opa, opa, opa, hei
Cante com a gente o opa, opa, opa hei.
Quando você estiver muito triste,
Saia pelo caminho e não se esqueça,
De cantar comigo o seu opa, hei!
Yahala, eterno menino,
nos encontraremos sempre no café positivo da Berta,
Com café preto à mesa posta por Deus,
שגלגל חדש
יתחיל כשהשנה תצא
Pois todo novo ciclo começa quando o ano se vai...
Com café preto à mesa posta por Deus,
שגלגל חדש
יתחיל כשהשנה תצא
Pois todo novo ciclo começa quando o ano se vai...
Yagal Bashan,
יהי זכרונו ברוך
Seja sua
memória abençoada,
hoje e
sempre.9.12.2018
Raquel Teles Yehezel
Um diálogo
com as letras do compositor
![]() |
| Igal Bashan e sua companheira por toda a vida, Mika Bashan |
quinta-feira, 21 de maio de 2020
Entre livros preciosos
Colocando em ordem as estantes de casa, encontrei alguns livros dos quais tenho orgulho de ser a editora e de ter acompanhado a edição do início ao fim.
Um deles, "Lúlek - a história do menino que saiu do campo de concentração para se tornar o grão-rabino de Israel", do Rabino Israel Meir Lau, foi traduzido para o português pela professora Nancy Rozenchan, da USP.
"100 Discursos históricos brasileiros" foi organizado por Carlos Figueiredo, ex-assessor do governador Franco Montoro - tempos de sonhos de um Brasil mais justo, uma coleção com os melhores discursos já proferidos pelos brasileiros. Este livro, o autor, Nissim e eu o entregamos em mãos, no Palácio do Planalto, ao então presidente Fernando Henrique Cardoso. Estava entre os livros mais vendidos de nossa editora e entrou para a lista dos mais vendidos no Brasil.
"Colocando o português em dia - gramática interativa", do lendário professor Helinho, de Belo Horizonte, me ajudou a revisar e atualizar as novas edições da editora, conforme o acordo ortográfico firmado pelo Brasil em 2008.
E "Meu Israel - viagem ao país onde o céu e a terra se encontram", primeiro livro da jornalista Sabrina Abreu, é o livro do meu coração, pois, na diversidade do povo dessa terra, bem mostrada nesse livro, encontrei minha segunda casa. No capítulo sobre as tradições judaicas, há fotos do Nissim criança em Hanuca, do nosso casamento, dos bar-mitzvot dos nossos filhos e do brit-milá do caçula.
Enfim, dentro das centenas de livros que editei pela Editora Leitura de Belo Horizonte, esses são preciosidades para mim. Sem contar edições primorosas, como "Um rubi no umbigo" de Ferreira Gular, "O mulo" de Darcy Ribeiro, "O Matador" de Wander Pirolli - prêmio Jabuti 62 pelas ilustrações de Odilon Moraes, "Alegria, Alegria" de Carlos Felipe - coletânea de músicas infantis do folclore brasileiro, crônicas de Marina Colasanti, de Miguel Sanches Neto, de Carlos Herculano, do inesquecível Alcione Araújo, entre muitos outros títulos importantes.
Gracias a la vida, que me ha dado tanto... 🙏
Raquel Teles Yehezkel
Israel 21.5.2020


Um deles, "Lúlek - a história do menino que saiu do campo de concentração para se tornar o grão-rabino de Israel", do Rabino Israel Meir Lau, foi traduzido para o português pela professora Nancy Rozenchan, da USP.
"100 Discursos históricos brasileiros" foi organizado por Carlos Figueiredo, ex-assessor do governador Franco Montoro - tempos de sonhos de um Brasil mais justo, uma coleção com os melhores discursos já proferidos pelos brasileiros. Este livro, o autor, Nissim e eu o entregamos em mãos, no Palácio do Planalto, ao então presidente Fernando Henrique Cardoso. Estava entre os livros mais vendidos de nossa editora e entrou para a lista dos mais vendidos no Brasil.
"Colocando o português em dia - gramática interativa", do lendário professor Helinho, de Belo Horizonte, me ajudou a revisar e atualizar as novas edições da editora, conforme o acordo ortográfico firmado pelo Brasil em 2008.
E "Meu Israel - viagem ao país onde o céu e a terra se encontram", primeiro livro da jornalista Sabrina Abreu, é o livro do meu coração, pois, na diversidade do povo dessa terra, bem mostrada nesse livro, encontrei minha segunda casa. No capítulo sobre as tradições judaicas, há fotos do Nissim criança em Hanuca, do nosso casamento, dos bar-mitzvot dos nossos filhos e do brit-milá do caçula.
Enfim, dentro das centenas de livros que editei pela Editora Leitura de Belo Horizonte, esses são preciosidades para mim. Sem contar edições primorosas, como "Um rubi no umbigo" de Ferreira Gular, "O mulo" de Darcy Ribeiro, "O Matador" de Wander Pirolli - prêmio Jabuti 62 pelas ilustrações de Odilon Moraes, "Alegria, Alegria" de Carlos Felipe - coletânea de músicas infantis do folclore brasileiro, crônicas de Marina Colasanti, de Miguel Sanches Neto, de Carlos Herculano, do inesquecível Alcione Araújo, entre muitos outros títulos importantes.
Gracias a la vida, que me ha dado tanto... 🙏
Raquel Teles Yehezkel
Israel 21.5.2020


segunda-feira, 18 de maio de 2020
Uma bicicleta no meio do caminho
Costumo ir para o trabalho de bicicleta. De Petah Tikva a Tel Aviv, via Parque Yarkon. Às vezes de elétrica, outras, menos, de bike normal. Uma hora de percalços. Naquela manhã, ia de elétrica. Entrando no Parque Yarkon, a corrente da bicicleta prendeu e travou a roda traseira. Depois de ficar com as mãos pretinhas de óleo da corrente recentemente lubrificada, não consegui consertá-la, e a roda continuou travada. Nesse mexe-mexe, a cesta que fica na traseira da bike se soltou e caiu. Tive que deixá-la escondida no mato, para pegar na volta... Coloquei a mochila nas costas, com a matula para o dia inteiro dentro, e fui empurrando a bike em cima da roda dianteira apenas: peso, calor, suor... E eu estava toda chiquezinha, animada para o início da semana, com volta à normalidade após sessenta dias de isolamento pelo coronavírus.
Decidi ligar para um amigo que mora perto do parque, para deixar a bike na casa dele e pegar, de carro, à noite... Nesse momento, vi que havia esquecido o celular em casa! Pare o mundo que eu quero descer, pensei - rsrsrs. Então resolvi largar a bicicleta no parque, sem cadeado, levando a bateria comigo e ir procurar uma linha de ônibus nas imediações - snif, snif... (não tinha celular para colocar emojis de choro -rsrsrs).
Daí caiu do céu uma alma boa... (mãozinhas postas, agradecendo a Deus). Um rapaz (argentino que reconheceu meu sotaque brasileiro rsrsrs) que estava com a esposa, religiosos, me ofereceu ajuda. No final, conseguiu soltar a corrente e eu pude chegar até o trabalho.
Chegando ao Centro Cultural Brasileiro, o ar-condicionado não funcionava! Estávamos naqueles dias de calor insuportável em que sopra o vento sul do deserto (mais snif, snif, choro, rsrsrs). Sem celular, a bike por arrumar, sem ar-condicionado, naquele calor! Troquei a bateria do controle remoto e nada. Respirei fundo, retirei as pilhas novas, limpei resquícios da anterior... e nada. Pensei: melhor manter a calma. Antes de solicitar visita técnica, um longo processo burocrático, decidi "pedir ajuda aos universitários" - rsrsrs.
Acessei o whatsapp no meu computador do trabalho, rezando para ele não me pedir bar-code para conectar, pois, nesse caso, precisaria do celular, e isso acontece de vez em quando... Ok, deu certo.
Mandei uma mensagem para o Yossi. O tsadik Yossi Sterenberg, eletricista faz-tudo, nosso vizinho na região, perguntando se ele estava por perto. Passou quase nada, e ele apareceu à porta de patinete elétrica (mais uns emojis de mãos postas em agradecimento); subiu na escada e ligou manualmente os comandos que ficam num aparelhinho perto do teto, referente ao ar-condicionado central. Tudo voltou a funcionar! Pode ser que tenha caído a eletricidade no fim de semana, disse o Yossi, e o comando tenha se desconectado...
Então o Yossi falou: Rachel, você tem que quebrar três ovos, um para cada problema... Eu disse, eu não tenho ovos. Pronto, dei por finalizado o assunto. Mil agradecimentos. Ele insistiu, você tem que quebrar alguma coisa... Eu nem ligando... Ainda na porta, ele disse, Rachel, quebra um lápis...
Insistiu tanto que, depois que ele se foi, lá fui eu quebrar um lápis em capara por todos os desacertos da manhã -rsrsrs. Talvez Yossi tivesse razão... Melhor não arriscar...
Olhei para o relógio e eram 9h40 da manhã de segunda, 18 de maio de 2020. Estava pronta para começar o novo dia. Faltava apenas o café... E, na hora do almoço, dar um pulinho na loja para revisar a bicicleta antes de voltar para casa (risos, mãos postas, flores para o moço do parque e para o Yossi!)
Tel Aviv 18.5.2020
Decidi ligar para um amigo que mora perto do parque, para deixar a bike na casa dele e pegar, de carro, à noite... Nesse momento, vi que havia esquecido o celular em casa! Pare o mundo que eu quero descer, pensei - rsrsrs. Então resolvi largar a bicicleta no parque, sem cadeado, levando a bateria comigo e ir procurar uma linha de ônibus nas imediações - snif, snif... (não tinha celular para colocar emojis de choro -rsrsrs).
Daí caiu do céu uma alma boa... (mãozinhas postas, agradecendo a Deus). Um rapaz (argentino que reconheceu meu sotaque brasileiro rsrsrs) que estava com a esposa, religiosos, me ofereceu ajuda. No final, conseguiu soltar a corrente e eu pude chegar até o trabalho.
Chegando ao Centro Cultural Brasileiro, o ar-condicionado não funcionava! Estávamos naqueles dias de calor insuportável em que sopra o vento sul do deserto (mais snif, snif, choro, rsrsrs). Sem celular, a bike por arrumar, sem ar-condicionado, naquele calor! Troquei a bateria do controle remoto e nada. Respirei fundo, retirei as pilhas novas, limpei resquícios da anterior... e nada. Pensei: melhor manter a calma. Antes de solicitar visita técnica, um longo processo burocrático, decidi "pedir ajuda aos universitários" - rsrsrs.
Acessei o whatsapp no meu computador do trabalho, rezando para ele não me pedir bar-code para conectar, pois, nesse caso, precisaria do celular, e isso acontece de vez em quando... Ok, deu certo.
Mandei uma mensagem para o Yossi. O tsadik Yossi Sterenberg, eletricista faz-tudo, nosso vizinho na região, perguntando se ele estava por perto. Passou quase nada, e ele apareceu à porta de patinete elétrica (mais uns emojis de mãos postas em agradecimento); subiu na escada e ligou manualmente os comandos que ficam num aparelhinho perto do teto, referente ao ar-condicionado central. Tudo voltou a funcionar! Pode ser que tenha caído a eletricidade no fim de semana, disse o Yossi, e o comando tenha se desconectado...
Então o Yossi falou: Rachel, você tem que quebrar três ovos, um para cada problema... Eu disse, eu não tenho ovos. Pronto, dei por finalizado o assunto. Mil agradecimentos. Ele insistiu, você tem que quebrar alguma coisa... Eu nem ligando... Ainda na porta, ele disse, Rachel, quebra um lápis...
Insistiu tanto que, depois que ele se foi, lá fui eu quebrar um lápis em capara por todos os desacertos da manhã -rsrsrs. Talvez Yossi tivesse razão... Melhor não arriscar...
Olhei para o relógio e eram 9h40 da manhã de segunda, 18 de maio de 2020. Estava pronta para começar o novo dia. Faltava apenas o café... E, na hora do almoço, dar um pulinho na loja para revisar a bicicleta antes de voltar para casa (risos, mãos postas, flores para o moço do parque e para o Yossi!)
Tel Aviv 18.5.2020
Parque Yarkon
sábado, 16 de maio de 2020
Bituca e o Clube da Esquina
Falar de Milton e do Clube da Esquina
é falar de Minas,
de BH, do interior do Brasil,
de amizade, da natureza.
é falar de Minas,
de BH, do interior do Brasil,
de amizade, da natureza.
É falar de meus amigos e de mim.
De sonhos que não envelhecem,
que têm a cor de vestidos
e de girassóis da cor de cabelos...
De soltar a voz e os pés nas estradas,
por caminhos de ferros
que se mandou acarrancar,
e ver tios na varanda, com o coração lá...
E ainda assim já não querer parar,
pois, caçador de mim, eu sou.
Sim, qualquer dia a gente se vê...
Que notícias me dão dos amigos,
que notícias me dão de você...
Alvoroço em meu coração,
amanhã e depois de amanhã,
pois que nada será como antes,
amanhã...
--------
Israel 11.4.2020
Ouvindo Bituca em tempos de coronavírus
De sonhos que não envelhecem,
que têm a cor de vestidos
e de girassóis da cor de cabelos...
De soltar a voz e os pés nas estradas,
por caminhos de ferros
que se mandou acarrancar,
e ver tios na varanda, com o coração lá...
E ainda assim já não querer parar,
pois, caçador de mim, eu sou.
Sim, qualquer dia a gente se vê...
Que notícias me dão dos amigos,
que notícias me dão de você...
Alvoroço em meu coração,
amanhã e depois de amanhã,
pois que nada será como antes,
amanhã...
--------
Israel 11.4.2020
Ouvindo Bituca em tempos de coronavírus
Clube da Esquina em Santa Tereza, BH.
quinta-feira, 14 de maio de 2020
Hoje eu recebi uma carta
Hoje eu recebi uma carta.
Uma carta de amor.
Uma carta de amor.
Uma carta bordada, em letras, cores, desenhos e história.
Recheada de leveza, afeto e lembranças.
Nos conhecemos no ulpan do kibutz Hatzor, na Primavera de 1984.
Naomi era uma menina diferente.
Aberta, delicada, amorosa, engraçada, avoada.
Daí vinha sua leveza.
Para ela, tudo era bom.
Dividimos amigos, risos fáceis, abraços, passeios,
aprendizado de vida, de língua e cultura.
Após o ulpan no kibutz, partimos para conquistar Tel Aviv.
Ela foi morar em Jaffa e eu, com Nissim,
num apartamento de um cômodo,
no andar térreo da Dizingof 24.
Após esse ano, ela voltou para os Estados Unidos.
Eu me casei e fomos para o Brasil.
Durante décadas, nos correspondemos por cartas.
Cada carta dela era uma obra de arte.
Tinham cores, rendas, desenhos, pinturas, colagens.
Fiz um fichário só de cartas dela.
Eu também rabiscava umas florzinhas, árvores, sol e nuvens... rsrsrs
Eram cartas que firmavam nosso compromisso de amizade eterna.
A última vez que nos vimos foi em 1996.
Recheada de leveza, afeto e lembranças.
Nos conhecemos no ulpan do kibutz Hatzor, na Primavera de 1984.
Naomi era uma menina diferente.
Aberta, delicada, amorosa, engraçada, avoada.
Daí vinha sua leveza.
Para ela, tudo era bom.
Dividimos amigos, risos fáceis, abraços, passeios,
aprendizado de vida, de língua e cultura.
Após o ulpan no kibutz, partimos para conquistar Tel Aviv.
Ela foi morar em Jaffa e eu, com Nissim,
num apartamento de um cômodo,
no andar térreo da Dizingof 24.
Após esse ano, ela voltou para os Estados Unidos.
Eu me casei e fomos para o Brasil.
Durante décadas, nos correspondemos por cartas.
Cada carta dela era uma obra de arte.
Tinham cores, rendas, desenhos, pinturas, colagens.
Fiz um fichário só de cartas dela.
Eu também rabiscava umas florzinhas, árvores, sol e nuvens... rsrsrs
Eram cartas que firmavam nosso compromisso de amizade eterna.
A última vez que nos vimos foi em 1996.
Ela veio me visitar em Israel.
No nascimento do meu filho caçula
e na brit dele, ela estava comigo.
Daí surgiu a internet e depois as redes sociais
e aprendemos a nos conectar de outras formas,
acompanhando sempre uma a outra, à distância.
Ela se casou e teve duas filhas lindas.
Mais anos se passaram,
e nesses tempos de covid,
nos fechamos em nossas casas.
E nesse isolamento, a filha dela,
artista como ela,
começou a desenvolver adesivos, papéis, envelopes e fontes para cartas...
Não sabia que estava desenhando
a mãe e a amiga da mãe...
Quem diria...
Hoje eu recebi uma carta.
Uma carta de amor
------
14.5.2020
Para Naomi, com carinho 🌷
No nascimento do meu filho caçula
e na brit dele, ela estava comigo.
Daí surgiu a internet e depois as redes sociais
e aprendemos a nos conectar de outras formas,
acompanhando sempre uma a outra, à distância.
Ela se casou e teve duas filhas lindas.
Mais anos se passaram,
e nesses tempos de covid,
nos fechamos em nossas casas.
E nesse isolamento, a filha dela,
artista como ela,
começou a desenvolver adesivos, papéis, envelopes e fontes para cartas...
Não sabia que estava desenhando
a mãe e a amiga da mãe...
Quem diria...
Hoje eu recebi uma carta.
Uma carta de amor
------
14.5.2020
Para Naomi, com carinho 🌷
domingo, 10 de maio de 2020
Maria, Maria
Ela é luz e amor.
A pessoa mais maravilhosa que conheci,
pois ela é A minha mãe.
Aos 97 anos,
há seis, está em cadeira de rodas e de cama.
Já não fala, nem se movimenta,
ainda assim é risonha e alegre na maioria do tempo.
Estar rodeada pela família é sua maior alegria.
Vê-se em seu rosto.
Gosta também que cantemos pra ela
as canções que cantava pra gente.
O otimismo, a hospitalidade, a conformidade
com o que lhe coube na vida
e a fé em Deus são suas marcas.
Era bordadeira e costureira de mão cheia,
seus filhos andavam sempre bem cuidados.
Formada no magistério, era muito exigente com a gente;
tínhamos que brilhar na escola.
Não sabia se expressar em carinhos físicos,
mas era carinhosa em cuidados.
Costurava, fazia todos os tipos de doces em tachos e deliciosas quitandas;
contava histórias e cantava pra gente;
contava histórias e cantava pra gente;
viajava conosco pra Patos, Dores e para a fazenda,
nos acompanhava em médicos,
nos obrigava ir à missa no fim de semana,
a ter obrigações fixas dentro de casa.
Aos domingos, nos levava ao Parque Municipal ou ao Minas Tênis.
Nunca usava calças compridas ou roupas sem mangas.
Já avó de muitos netos, quando veio me visitar em Israel, em 1995,
estava muito frio, e eu comprei duas calças para ela. Como aqui ninguém a conhecia, se encheu de coragem e,
aos 72 anos, vestiu suas primeiras calças compridas, e nunca mais as deixou.
Apesar de enérgica na lida com os filhos,
teve sempre a personalidade calma e mansa.
Um anjo em nossas vidas.
Nosso esteio, a base de onde pudemos alçar nossos voos seguros,
com a certeza de que ela estaria sempre em casa, firme e forte.
E continua assim, em sua majestade,
ainda que muito frágil.
Já não reconhece quem é quem, mas tem lampejos de lucidez
e a certeza de que aqueles que a cercam são todos sua família.
Seu exemplo de vida é imensurável.
E quem a conhece, sabe que não é exagero.
Possa a mãe e avó zelosa, cumpridora de seus deveres,
ser amparada com amor e carinho, hoje e sempre.
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