Em agosto, quanto fui ao Brasil levando um grupo de Israel, foi a última vez que nos encontramos, e foi na fazenda Riacho do Campo, em Brasilândia de Minas. Ela veio com o Carlinhos e fizeram questão de dormir aí, para terem mais tempo comigo e com a Mônica, e em consideração aos visitantes israelenses que nos acompanhavam.
Imaginem que era fim de agosto, não era feriado e nem fim de semana. Muitos foram à fazenda naquela ocasião só para nos prestigiar e ajudar a receber com alegria o grupo que eu levava para conhecer uma parte do sertão mineiro de Guimarães Rosa e do meu avô. Foi o caso da Mônica e da Consuelo minha prima, que se juntaram ao grupo desde Brasília e Chapada dos Veadeiros; da Andréa e do Carlinhos (imaginem o Carlinhos dormindo fora da casa dele no meio da semana, sendo que moram na fazenda ao lado); do tio Vavá (que veio de Brasilia, cidade da qual foi arquiteto e paisagista); do tio Tato com Fabinho meu primo; da Miriam minha prima com o marido Paulo, que fez maravilhosas caipirinhas de frutas que trouxe especialmente para nós; da Andréa e Caio, primos que vieram de Uberlândia (e ela fez uma deliciosa torta de morango pra nos recepcionar); do Eduardo, Dedê e Rodrigo meus primos, irmãos da Consuelo; do Pivete e da Adriana, que estavam a caminho de Itacaré BA, onde abririam o restaurante Lua Cheia e pararam na fazenda para nos encontrar; do Marquinhos meu primo de Patos, que mesmo não vindo, mandou, na fazenda dele, o Zezinho abrir do nada uma trilha de 5 km de estrada beirando a Vereda da Égua, citada por G. Rosa, só para nós passarmos pertinho dela; do Bel meu irmão, que fez uma fogueira para vermos o por do sol e o nascer da lua ao lado do fogo; encomendou um churrasco ao entardecer na lagoa ao som da música do maestro israelense. Andréa chegou toda feliz, trazendo champanhe para beber o quanto quiséssemos, à luz da lua, das estrelas, da fogueira, da cantoria. Tudo organizado pelo Wesley e pela Liliane, que administram a fazenda com muito carinho.
A Andréa e o Carlinhos passaram a frequentar a fazenda na Festa da Família, em 2005, e todos que a conheceram gostavam muito dela. Os homens fizeram muita amizade com o Carlinhos nas exposições e rodeios dos arredores. Eles são nossos vizinhos lá pelo lado da fazenda da Mata e da fazenda do Ricardo. Meu tio Diógenes, que adorava essas exposições de gado, falecido há 3 anos - amava uma pinga com um bom churrasco; engenheiro baiano que veio a Minas construir a rodovia BH-Brasília e conheceu minha tia Joana D'Arc em Patos de Minas onde moravam meus avós maternos -, pai da Consuelo e cia, adorava o Carlinhos e a Andréa. Enfim, minha família materna, além de mim, se afeiçoou a ela, e tivemos a oportunidade de nos despedir dela nesses dias mágicos de agosto na fazenda, os quais ela se dedicou a nós, nos trouxe muitas alegrias e nos honrou muito com a presença e com o carinho que nos dedicou; de uma nobreza e estatura sem igual. Inesquecível por onde passou.
Chegando à fazenda dela, no último dia de janeiro, não se sentindo bem, foi levada para Brasília, onde ficou internada, por um mês, na UTI do Hospital Santa Lúcia, lutando pela vida, devido a uma trombose que afetou órgãos vitais; sempre companhada pelos filhos, pelo marido e pelos amigos Nazira e Jamel, que lhes deram todo o apoio. Foi levada ao descanso eterno quando ainda era jovem e cheia de vida, aos 58 anos, em Belo Horizonte; cercada de muitos e muitos amigos que a amavam imensamente.
Andréa era de Caxambu, estudou no Colégio Santo Antônio de BH, quando estudante fez intercâmbio nos Estados Unidos, e deixou amigos sinceros por onde passou. Era uma rainha de simplicidade ímpar. Em B.H., Brasilândia e em Capim Branco (Sete Lagoas e Pedro Leopoldo) - onde têm fazenda -, fazia amigos em padarias, cabeleireiros, manicures, academias de ginástica, clubes, onde ela fosse. Era cuidadosa e amiga de seus funcionários e todos a amavam - como a dedicada Conceição.
Na fazenda, pegava no pesado, cozinhava, arrumava, jardinava, fazia compras. Sempre na dela, segura, inteligente, ativa, simples, estável, dinâmica, engraçada, sensata, discreta, generosa ao extremo e feliz. Sim, a alegria e o sorriso dela contagiavam, e todos queriam a sua companhia.
Dedicou a vida aos filhos João Carlos e Camila, amores de sua vida, e ao companheiro de todas as horas, Carlinhos Queiroz, de Patos de Minas. Falava muito da família, que tanto amava - dos pais, da irmã Patrícia, da sogra, dos primos e dos tios queridos. Não se pode falar da Andréa sem falar de suas amigas inseparáveis, muitas vindas bem antes de nós - a Turma do Ponteio, como Cotinha, Glaucilene, Glemer, Sthelinha, Claudinha, Mônica, Nazira e família, e muitas outras. Ela amava viajar com elas, e juntas correram o mundo, da China à África do Sul, da Jordânia ao Canadá. Era extremamente fiel à família e aos amigos e também aos animais - cuidou da Fiona com muito carinho até o final de sua cachorrinha e companheira. Nos últimos anos, atingiu a maturidade e a alegria maior, sendo avó da Maria Luíza, a Malu, a quem amava de paixão (fez o último Natal especialmente para ela), filha do João e de sua nora Polyana, que ela amou desde o início do namoro.
Agradeço a Deus por ter-me dado a oportunidade de conviver com essa amiga tão amada. Nós, suas amigas, que nos conhecemos na academia do Ponteio e convivemos muito próximas nos últimos 20 anos, tínhamos uma grande amizade, cheia de amor, de risos, de apoio uma à outra e de cumplicidade. Vimos nossos filhos crescerem e se casarem. Nossos maridos respeitavam nossa amizade intensa e sincera e se tornaram amigos. Temos muitas lembranças juntas e muitas histórias para contar, que o digam a Cídia e a Mônica, que viveram intensamente com ela.
O exemplo de vida que Dedeia nos deixou, seu equilíbrio e alegria de viver, levaremos sempre em nossos corações. Amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito, mesmo que o tempo e a distância digam não; assim falava a canção que em B.H. ouvíamos...
Saudades eternas de suas amigas do Ponteio: Mônica de Araujo Couto, Cidia Melo Fonseca, Patrícia Magda Souza Rocha, Vera Passos Azeredo, Maria Celia Mendes, Mônica Virginia Souza Abreu, Luiza Lanna, Glayce Cristina, Adriana Ziviani e Raquel Teles Yehezkel




